Rio de Janeiro, 27 de maio de 2020. Continuando a série de artigos sobre a reação da indústria audiovisual global à pandemia da COVID-19, abaixo estão dispostas as informações sobre os países asiáticos que tornaram públicos indicadores de monitoramento, instrumentos legais para contenção do contágio do coronavírus e medidas associadas às filmagens, ao funcionamento de cinemas e à regulação da atividade audiovisual.
CHINA: O epicentro da manifestação do novo coronavírus adotou um regimento de isolamento rígido para contingenciamento da emergência epidemiológica entre janeiro e março. Estima-se que, para o circuito exibidor, a perda em bilheteria alcance o equivalente a USS 4,2 bilhões.
Em 23 de março, era sabido que cerca de 500 salas de cinema estavam de volta à ativa, após permanecerem fechadas por conta da pandemia. Os resultados da abertura refletiram a insegurança de o público voltar a lotar os cinemas, com índices de bilheteria baixíssimos. Ainda que ao final de abril as restrições de controle sanitário tenham sido amenizadas, a expectativa de retorno do funcionamento das salas de cinema aponta para o mês de junho.
No segmento de produção, o colapso: mais de 5.000 empresas chinesas de cinema e TV já haviam cancelado ou revogado seus registros este ano – quase o dobro do total em 2019.
Com relação às filmagens, entre os primeiros projetos recomeçados estão aqueles do Hengdian World Studios – o maior estúdio de cinema do mundo, localizado perto de Xangai. Entre as medidas de cuidado, foram exigidos testes de COVID-19 para todos os atores e membros da equipe de filmagem, documento emitido pelo governo comprovando 14 dias de quarentena e submissão a verificações de temperatura duas vezes ao dia no set durante a produção.
CORÉIA DO SUL: O país é considerado o exemplo mundial de combate ao novo coronavírus, em virtude das respostas efetivas do governo, consciência e colaboração da população e realização de testes em massa. De todo modo, a medida mais eficaz do controle da pandemia se deu pelo distanciamento social, fruto de uma consciência coletiva como é do costume dos coreanos, e que é um indício de que o país vai superar de maneira mais rápida as dificuldades da retomada do convívio entre os habitantes.
De acordo com a Seoul Film Commission, ao final de janeiro, os pedidos de filmagem em trens, metrô, parques e departamentos públicos foram suspensos.
Em março, o governo sul-coreano publicou uma cartilha para múltiplas finalidades, orientando sobre a contenção do contágio da COVID-19. A mobilização rápida das autoridades criou um ambiente de confiança suficientemente influente para a percepção de agentes da indústria audiovisual global, como Ted Sarandos, CCO da Netflix, que declarou: “na Coréia do Sul, trabalhamos rapidamente para desenvolver protocolos de segurança para que séries como o nosso novo drama ‘Move to Heaven’ e a popular série romântica ‘Love Alarm’ possam continuar sendo filmadas. Os testes [de detecção da covid-19] lá estão disponíveis apenas para pessoas com sintomas. Assim, todo o elenco e a equipe têm suas temperaturas verificadas regularmente, e se alguém mostrasse sinais de infecção, eles seriam testados imediatamente e a produção seria interrompida.”
Não houve, no entanto, determinações do governo para paralisação das salas de cinema, embora o público tenha preferido aguardar por uma atmosfera mais segura para voltar a comparecer em espaços fechados: em abril, foram calculados menos de um milhão de ingressos de cinema vendidos. Gradualmente, os complexos de exibição retomam suas atividades, oferecendo máscaras, assentos distanciados e instalação de dispensers com desinfetante.
ÍNDIA: A suspensão das filmagens em todo o país foi anunciada em 19 de março
Em 24 de maio, a associação local de produtores publicou seu protocolo de práticas seguras para o set, em expectativa à retomada dos projetos audiovisuais no país. Seguindo exemplos de outras partes do mundo, o documento designa a necessidade de que os membros da equipe usem pulseiras coloridas que sinalizam as funções e as permissões de circulação no set. Outra solução sugerida no documento é que a alimentação individual seja provida por cada um, que deve preparar suas porções em casa e levá-las ao ambiente de trabalho.
Já o circuito exibidor, cujas perdas pela emergência sanitária atingiram US $ 130 milhões, já possui regras de reabertura definidas pela Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia e pela Associação de Complexos de Cinema (India’s Multiplex Association), e incluem distanciamento social e reservas on-line. Segundo dados da Ormax Media, 28% do público indiano estão prontos para retornar aos cinemas assim que reabrirem. No entanto, 47% disseram que esperariam duas a três semanas antes de decidir, enquanto 19% esperariam dois a três meses.
JAPÃO: Em maio, as cadeias do segmento de exibição sinalizaram a reabertura de alguns complexos, ainda em esquema especial, sem disponibilizar todas as salas. Já os exibidores independentes se uniram a diretores consagrados para criar uma plataforma de streaming temporária para o cinema de arte durante a pandemia.
Fato é que a retomada da atividade de exibição expõe uma dúvida global: o que programar para as salas? O que esperam as distribuidoras, nessa tentativa de recuperação da confiança do espectador? As maiores cadeias de exibição apostam na programação com clássicos do cinema mundial, como “O Mágico de Oz”, “Ben-Hur” e “Blade Runner”, além de sucessos locais, como “Your Name” (2016) and “Weathering With You” (2019).
RÚSSIA: Até 31 de maio, a capital Moscou se encontra sob o alerta máximo de ameaça de disseminação do coronavírus, e por isso, os pedidos de filmagem não estão sendo processados.
A Associação de Proprietários de Cinema da Rússia (AVK) compilou uma lista de propostas para retomar o trabalho nas salas de exibição, levando em consideração as especificidades do funcionamento de cada espaço. Em consonância ao que vem sido discutido ao redor do mundo, as medidas profiláticas que podem auxiliar o segmento de exibição são: bilheterias com máquinas de auto-atendimento, prioridade para vendas de ingressos online, limitação da capacidade das salas a 50% e programação de sessões sem início em horários concomitantes, visando evitar a lotação de saguões e aumentar o tempo de desinfecção das salas.
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Fontes consultadas:
– https://afci.org/global-production-alert/
– https://deadline.com/2020/05/india-filming-safety-guidelines-coronavirus-bollywood-1202942698/
– http://english.seoulfc.or.kr/naa/sn/index.asp?mode=view&IDX=775
– https://www.hollywoodreporter.com/news/japans-cinemas-begin-partial-reopening-1294409
– https://www.indiewire.com/2020/05/china-film-productions-return-1202227560/
– http://www.kinometro.ru/news/show/name/avk_rpn_7785
– https://variety.com/2020/biz/news/coronavirus-india-film-shoot-protocol-1234615498/
– https://variety.com/2020/film/asia/cinemas-china-reopen-coronavirus-recedes-1203542000/